26.3.07





Esticadores, registros e outros seres rasteiros

Por acaso nos dá a impressão de ser discreto tudo aquilo que nos chama a atenção? Por acaso o usual dá sempre a impressão de usualidade? - Wittgenstein


Vejo a figura humana em sua ausência. Esticadores de poste como além-homens de Nietzsche, tensionados sobre o abismo; e jaulas do registro trancando a cada vez mais preciosa fera: água pura.

Símbolos de uma solidão cheia/vazia de sentidos, coisas que estão sempre ali… Que mistério! Esses seres-objetos não deveriam desaparecer do mundo por não mais os notarmos? Não deveriam sair andando quando mudamos nosso campo visual?

A gravura com luz do pixel do monitor: minha câmara escura, pinhole digital e ampliador é a tela do computador – pixelgrafia.

E o traço tátil da foto-ferida, da ponta aguda - transformar o que é absolutamente reprodutível e virtual (a foto digital) em objetos de aura única (superfícies tacto-visuais).

Várias gerações imagéticas se sucedem, onde a imagem/luz vai de camada em camada, de cópia à matriz na tela plana, ora guardando, ora perdendo suas sombras e luminosidade: isso é foto ou gravura?

A pergunta só tem sentido para o olho que risca e para mão que colhe.

Caixa-pretas. Mundo dentro de programas prontos para aparelhos manipulados por funcionários. Filosofia da Caixa Preta. Flusser.

R.B.U.

porto alegre – outono - 2007

Agradecimentos:

Sol, Igor, Dirce, Bruce, Benedyct, Marisa, Ronaldo, Mary, família e demais amigos.

Nenhum comentário: