18.8.03

viva o cometa
viva a fome
sirva o sonho
beba o coma
sonhe a verso
verse o vivo
galatéia







esteios do mundo vício
meu medo em pedra-pomes
surra de tempos alheios
: ali ferver fundo fel

quis dizer boca a boca
: és espelho sem brilho
polido de luz e rudeza!
grande dor no oco peito

chaga fria que abençoa
ser vago é melhor que
partir o amor a esmo
: vês apenas o reflexo

receio de dar no muro:
grata ao seio que mama
: dizes o que já sei :
o medo é porto-seguro
desejo desconhecido
vou perto de ti
e me perco

virtude da máscara
é saber-se dentro do mundo-palco
vc acredita em seu personagem?
vista a personae e seja seu

linguagem não é letra

ilusãolinguagem

linguagemiragem

pedra pound pessoa rosa
conhecer é trepar contigo=
resignificações medievais :
sois apenas homens... deusa é quem cria!
mesa redonda
redondo meu pensamento
dentro de uma música
mata o amor

atrás estão as pessoas
com mentes quadrados
corações espelho quebrado
matando o amor

amor arredonda
como doida dádiva soma
dá tanto quanto tira
seu ardor sua dor

fugir dessa fúria
não redime nossa culpa
vamos entrar na música
matar o matamor
destino estilo





isto louva aquilo
aquilo louva isto
é tão bom ser vivo

sinto que o vivo é bom
não?

sim
isto morre aquilo
aquilo morre isto

sim

isso é destino

5.7.03

XXII






mesmo que o medo transpareça em teu receio

e que esta maravilha fique incógnita como

metade das histórias que ouvimos conquistar,

ela recebe os fluídos, ela merece as pêras,

ela vinga os inconclusos! quem diria, no meio

do ocidente, entre pigarras e sencientes merdas,

endormecidos, como tangos cubanos (existe isso),

quando tudo parecia derruir...



eu, outro merda inconcluso, bêbado, vendo o medo

e o amor sem jeito do murmúrio,

espetando o último que veja meu olho, pecava no

tempo em que todos medravam! aqui eles me vejam!

que o vinho seja abundante! que a merda não cheire

muito! nessa serena alvorada Cartola benção finimundi:

mesmo que o medo transpareça em teu receio ela veja

e perceba que a verdade não é minha roupa, que vero

desapercebido reencontro:
S.T.
13:14 7/6/2003



ela pertence ao véu verde da chuva
volta seu rosto frio e os curtos cabelos
na chuva insistente do meu olhar:
estar quase apaixonado é fingir meio-morto?
os passos de clown passam lateralmente pela calçada
da rua matriz: ela não pensa no pobre selenita:
entre o ar e a terra dócil
passa impassável coração rasgado
cansei desse lirismo peidorrento
quero agora descobrir teu lado cru
anti-a-musa-que-fica-debaixo-do-guarda-chuva
um n?mero de telefone já seria bom

...............................................................................

desejo desconhecido
vou perto de ti
e me perco

a virtude da máscara
é saber-se dentro do mundo-palco
vc acredita no seu personagem?
vista a personae e seja seu

linguagem não é letra

ilusãolinguagem

linguagemiragem

pedra pound pessoa rosa
conhecer é trepar contigo=
ressignificações medievais:
sois apenas homens... deus é quem cria!

30.5.03

selo sete


terá que fechar
a terra em feixes
de mileumanoites

não terá tempo
(a terra terrará os peixes)
de fechar as carafeias
dos oce-anos

parafuso contuso
aparecerá no encerramento
dos fusos
paracelsos nas cadeiras cativas
adiantarão os vão-vem do pêndulo
e os bebês berbes ming
trarão os obuses
(serrarão as cruzes)
paralelamente ao bacanal em fascículos
as moiras cuspirão milhares
de calcanhares aquilinos
e os sinos serão os silos
e os silos serão os sinos

silogismos sismos d’era
ondas prata em noite negra
(no cabo das tormentas)




os olhos abertos foram cinco dedos estes
riscos e os olhos não eram veros
para no véu do azul
saquei que o mundo é triste este a imagem não
olhar para o vero
é loucura
ela inventou isso ela é arranha-céu
as paredes choram com rócio da vida
mesmo electricamente
baleia branca e cheia de esporas ela mata os dias
alimentar o súcubo de cérebro cerrado
não é miséria humana isto?
bah bah bah! palavras de baleias estas e
batem em direção à correnteza dos padres batinados
em meio ao medo em meio ao medo
bah bah bah! leve essa pureza ao inferno!
o medo rochedo não pode ser o vero:
véu de azul desvela e venta o barco
DIX Q DIX
XXII



mesmo que o medo transpareça em teu receio
e que esta maravilha fique incógnita como
metade das histórias que ouvimos conquistar,
ela recebe os fluídos, ela merece as pêras,
ela vinga os inconclusos! quem diria, no meio
do ocidente, entre pigarras e sencientes merdas,
adormecidos, como tangos cubanos (existe isso),
quando tudo parecia derruir...

eu, outro merda inconcluso, bêbado, vendo o medo
e o amor sem jeito do murmúrio,
espetando o último que veja meus olhos, pecava no
tempo em que todos medravam! aqui eles me vejam!
que o vinho seja abundante! que a merda não cheire
muito! nessa serena alvorada Cartola benção finimundi:
mesmo que o medo transpareça em teu receio ela veja
e perceba que a verdade não é minha roupa, que vero
desapercebido reencontro: