arde cidade
artur costa – camila schenkel – rodrigo uriartt – sol casal
projeto de ocupação subterrâneo-superfície-aéreo
Galeria do DMAE – Edital 2007
Proposta Conceitual
Habitat urbano sitiado pelo incremente aquecimento global:
os seres bípedes surtam entre o tecnológico e o primitivo
- constroem ruas, redes, fios, guias, canos, subterrâneos e iluminação pública
- deixam rastros e pontos de poder.
O projeto Arde Cidade propõe-se a uma reflexão, entre o visível e o mental, sobre os problemas e sentidos da atualidade, tentando decifrar essa linguagem viva que brota das grandes aglomerações humanas. Ocupando os espaços da galeria do DMAE e seu entorno, vem criar um cenário vivo para propiciar uma integração com o expectador, não mais de uma maneira passiva, mas com seu toque e interação no espaço multidimensionado.
4 artistas utilizando mídias distintas, inventando/invertendo as relações entre as almas urbanas e as vias tentaculares. Captando e reenviando, com a interação do público ativo, signos, linguagens e diálogos entre o ruído e a novidade.
Descrição do Projeto
A exposição Arde Cidade tem como intenção ocupar todos os espaços da Galeria do DMAE, distribuídos da seguinte maneira:
- Entrada da Galeria: escultura e instalação (artistas: Sol Casal e Camila Schenkel)
- Primeira Ala: grande tira de fotos urbanas (Rodrigo Uriartt) e instalação ao fundo (Artur Costa)
- Segunda Ala: escultura e instalação (Sol Casal), pintura encáustica (Rodrigo) Fotos (Camila)
- Terceira Ala: fotos e instalações dos 4 artistas.
- Parede do Fundo: projeção multimídia de trabalhos de vídeo arte.
Está prevista intervenções temporárias na área externa, no parque próximo à entrada da galeria, com estandartes e esculturas efêmeras. Ocorrerá também uma breve performance, usando o tema do aquecimento global em relação aos contatos entre as pessoas.
Os 4 artistas
Artur Costa, 28, porto-alegrense, psicólogo e videomaker. Participou da exposição multimídia Algonauta, no Planetário de Porto Alegre (julho de 2003). Desenvolve trabalhos em vídeo com o referencial deleuziano e esquizoanálise e instalações com poéticas urbanas.
Camila Schenkel, 24, porto-alegrense, formada pelo Instituto de Artes da UFRGS em Fotografia, desenvolve trabalhos também com forte temática urbana, com a noção de séries e objetos cotidianos. Foi recentemente premiada com o primeiro lugar no último Salão do Jovem Artista.
Rodrigo Uriartt, 40, porto-alegrense, fotógrafo e gravurista. Cursando o último semestre no Instituto de Artes. Pretende mostrar sua série de fotos de equipamentos urbanos, realizados na técnica desenvolvida pelo mesmo, de fotos em preto e branco realizadas diretamente da tela do computador para o papel fotográfico.
Sol Casal, 23, argentina, desenvolve trabalhos nas mídias da escultura, instalação e pintura. Seu universo simbólico é marcado por uma forte temática antropomórfica e pela busca de uma sensorialidade amplificada e imersiva. Cursando o último ano do Instituto de Artes, ênfase Pintura, trará obras de caráter escultórico, instalações.
Segundo Benjamin, Valéry via a civilização como síndrome, e acreditava que o homem dos grandes centros urbanos se aproximava de seu estado de selvageria, de isolamento. A necessidade do outro foi perdendo lugar para a tecnologia, que distancia as pessoas e suas vivências, ainda que aproxime os beneficiários da mecanização
O que temos aqui é o enfraquecimento da experiência. O homem progressivamente foi deixando de experimentar a vida por ter alguém (ou alguma coisa) para fazer por ele. Ocorre um distanciamento de elementos intrínsecos à condição humana e sua relação com o meio. A vivência, os sentidos, as aquisições adquiridas através da experiência, representados pela figura do transeunte está perdendo lugar para uma memorização de esquemas, usada pelo flâneur.
In: CIDADES REVERSÍVEIS: CAMINHOS URBANOS EM BENJAMIN, GUATTARI E JANICE CAIAFA. Laura Zuniga. Revista Garrafa, edição N° 6 maio-agosto 2005.
A experiência do espaço urbano tem que, de alguma forma, ser repensada e redimensionada. Nesses tempos de violência gratuita e de grandes transformações climáticas, causadas pelo desequilíbrio ecológico das ações humanas; a arte e seus questionamentos impulsionam as reflexões e novos posicionamentos, que vem de encontro às pulsões do inconsciente coletivo e a mudanças de paradigmas, para assim criar esse espaço renovado onde o homem reencontra o sentido perdido na selva dos significados.
Porto Alegre, março de 2007.